sexta-feira, 6 de abril de 2018

No aniversário de Maurizio Damilano

Maurizio Damilano. Fotos: IAAF e Getty Images
Montagem: O Marchador
Há uma classe de desportistas composta de atletas que de alguma forma marcaram uma época. Desportistas que estiveram muitos anos em grande destaque internacional, que obtiveram resultados de grande valia, que participaram em competições memoráveis, enfim, que se destacaram dos outros grandes ídolos. Maurizio Damilano está entre esses semideuses.

Nascido em Cuneo, Scarnafigi, região de Piemonte, a 6 de abril de 1957, cedo se interessou pela atividade desportiva, que praticava com o irmão gémeo Giorgio e com o mais velho, Alessandro, que o viria a orientar tecnicamente. Em 1971, com 14 anos, participou pela primeira vez nos Jogos da Juventude, onde um ano mais tarde teria a oportunidade de contactar pela primeira vez com a marcha de competição. Daí em diante a marcha atlética seria a sua atividade desportiva de eleição.

O treino era desenvolvido com afinco no sentido de aperfeiçoar a técnica e, fruto desse empenho, veio a ser escolhido para a seleção italiana de juniores em 1974. Era a primeira internacionalização. Um ano mais tarde integrou a equipa nacional que tomou parte nos Europeus de Juniores e obteve uma (primeira) importante classificação internacional: foi 4.º nos 10 mil metros marcha.

A atividade desportiva prosseguiu com normalidade até atingir o escalão sénior e em 1977 foi chamado à seleção para a Taça do Mundo de Marcha (hoje Campeonato Mundial de Seleções), na Grã-Bretanha. Foi aí que começou a fazer-se notar, com o surpreendente 4.º lugar nos 20 km, atrás dos consagrados mexicanos Daniel Bautista e Domingo Colín e do alemão-democrático Karl-Heinz Stadtmüller.

Chega então o momento mais ansiado por qualquer desportista: os Jogos Olímpicos.

Moscovo, 1980: O boicote movido por alguns países ocidentais afasta muitos atletas de grande nível da festa moscovita, mas os melhores marchadores do mundo estão lá todos. Soviéticos, alemães, mexicanos. E Maurizio Damilano, participando nos 20 km, vê-se envolvido numa das histórias mais recambolescas da marcha atlética. Aos 12 quilómetros, o mexicano Domingo Colín é desclassificado e pouco depois o compatriota Daniel Bautista, apesar de advertido até ao limite, decide atacar em defesa da honra mexicana. Dois quilómetros depois, era desclassificado. Na frente ficava o soviético Anatóli Solomine, seguido de Damilano. Márquez de la Mora, o mexicano que integrava o grupo de juízes de marcha dessa prova, não achou justa a desclassificação de Bautista e, como quem se vinga com a pena de talião, vai de aplicar a advertência decisiva também ao marchador da casa, já junto à pista. Por consequência, Maurizio Damilano dá consigo mesmo a entrar destacado no Estádio Lenine, vindo a sagrar-se campeão olímpico com 1.23.35 h. Ninguém poderia prever tal desfecho.

A partir desta ocasião registou grandes sucessos internacionais, sendo raro o ano em que não tenha registado pelo menos um grande feito. Sagrar-se ia campeão mundial em Tóquio, no ano de 1991. Mais de 40 anos dedicados à marcha, mais de uma década sempre no mais alto nível mundial da especialidade.

Maurizio Damilano, que hoje faz 61 anos, concluiu a carreira internacional em 1992. Depois de nos Jogos de Barcelona ter alcançado o 4.º lugar nos 20 km, encerrou a atividade competitiva com um marco histórico: o recorde mundial dos 30 km em pista, obtido a 3 de outubro na cidade que o viu nascer, Cuneo, com 2.01.44,1 h. De passagem ainda estabeleceu a melhor marca mundial de sempre das 2 horas, com 29.572 m.

Atualmente, Maurizio Damilano preside ao Comité de Marcha da Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla inglesa).

Tanti auguri Maurizio!