Maurizio Damilano. Fotos: IAAF e Getty Images Montagem: O Marchador |
Nascido em Cuneo, Scarnafigi, região de Piemonte, a 6 de abril de 1957,
cedo se interessou pela atividade desportiva, que praticava com o irmão gémeo
Giorgio e com o mais velho, Alessandro, que o viria a orientar tecnicamente. Em
1971, com 14 anos, participou pela primeira vez nos Jogos da Juventude, onde um
ano mais tarde teria a oportunidade de contactar pela primeira vez com a marcha
de competição. Daí em diante a marcha atlética seria a sua atividade desportiva
de eleição.
O treino era desenvolvido com afinco no sentido de aperfeiçoar a
técnica e, fruto desse empenho, veio a ser escolhido para a seleção italiana de
juniores em 1974. Era a primeira internacionalização. Um ano mais tarde integrou
a equipa nacional que tomou parte nos Europeus de Juniores e obteve uma
(primeira) importante classificação internacional: foi 4.º nos 10 mil metros
marcha.
A atividade desportiva prosseguiu com normalidade até atingir o escalão
sénior e em 1977 foi chamado à seleção para a Taça do Mundo de Marcha (hoje
Campeonato Mundial de Seleções), na Grã-Bretanha. Foi aí que começou a fazer-se
notar, com o surpreendente 4.º lugar nos 20 km, atrás dos consagrados mexicanos
Daniel Bautista e Domingo Colín e do alemão-democrático Karl-Heinz Stadtmüller.
Chega então o momento mais ansiado por qualquer desportista: os Jogos
Olímpicos.
Moscovo, 1980: O boicote movido por alguns países ocidentais afasta
muitos atletas de grande nível da festa moscovita, mas os melhores marchadores
do mundo estão lá todos. Soviéticos, alemães, mexicanos. E Maurizio Damilano,
participando nos 20 km, vê-se envolvido numa das histórias mais recambolescas
da marcha atlética. Aos 12 quilómetros, o mexicano Domingo Colín é
desclassificado e pouco depois o compatriota Daniel Bautista, apesar de
advertido até ao limite, decide atacar em defesa da honra mexicana. Dois
quilómetros depois, era desclassificado. Na frente ficava o soviético Anatóli
Solomine, seguido de Damilano. Márquez de la Mora, o mexicano que integrava o
grupo de juízes de marcha dessa prova, não achou justa a desclassificação de
Bautista e, como quem se vinga com a pena de talião, vai de aplicar a
advertência decisiva também ao marchador da casa, já junto à pista. Por consequência,
Maurizio Damilano dá consigo mesmo a entrar destacado no Estádio Lenine, vindo
a sagrar-se campeão olímpico com 1.23.35 h. Ninguém poderia prever tal
desfecho.
A partir desta ocasião registou grandes sucessos internacionais, sendo
raro o ano em que não tenha registado pelo menos um grande feito. Sagrar-se ia
campeão mundial em Tóquio, no ano de 1991. Mais de 40 anos dedicados à marcha,
mais de uma década sempre no mais alto nível mundial da especialidade.
Maurizio Damilano, que hoje faz 61 anos, concluiu a carreira
internacional em 1992. Depois de nos Jogos de Barcelona ter alcançado o 4.º
lugar nos 20 km, encerrou a atividade competitiva com um marco histórico: o
recorde mundial dos 30 km em pista, obtido a 3 de outubro na cidade que o viu
nascer, Cuneo, com 2.01.44,1 h. De passagem ainda estabeleceu a melhor marca
mundial de sempre das 2 horas, com 29.572 m.
Atualmente, Maurizio Damilano preside ao Comité de Marcha da Federação
Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla inglesa).
Tanti auguri Maurizio!