domingo, 22 de março de 2015

Tóth, Giorgi e Shange vencem em Dudince


Matej Tóth, Eleonora Giorgi (com Lyudmila Olyanovska) e Lebogang Shange, a caminho das vitórias em Dudince.
Fotos: Emmanuel Tardi
O eslovaco Matej Tóth, a italiana Eleonora Anna Giorgi e o sul-africano Lebogang Shange venceram este sábado, de forma imperial, as provas de 50 km masculinos e 20 km femininos e masculinos da 34.ª edição do Grande Prémio de Dudince em Marcha Atlética. Tóth registou a melhor marca mundial do ano e novo recorde da Eslováquia, ao terminar em 3.34.38 h, com grande vantagem sobre os polacos Rafal Augustyn (3.43.55, recorde pessoal) e Lukasz Nowak (3.44.53). A italiana, ao cumprir as quatro léguas em 1.26.46 h, também bateu o recorde do seu país, fazendo 1.26.46 e terminando também com vantagem considerável sobre as adversárias mais próximas, a ucraniana Lyudmila Olyanovska (1.2818) e a compatriota Antonella Palmisano (1.28.40). Lebogang Shange teve nos 20 km masculinos uma vitória que começou difícil e acabou fácil, em 1.22.44 h, contra 1.23.20 h de Andres Chocho (Equador) e 1.23.43 h de Marco de Luca (Itália).

Na prova longa, com os termómetros a registarem 14ºC, Matej Tóth cedo deixou claro ao que vinha e tratou de impor desde o tiro de partida um ritmo que mais nenhum colega de prova tentou acompanhar. Logo se destacaria, ainda no primeiro quilómetro, dando início a uma caminhada solitária que teria fim apenas na meta. Aos cinco quilómetros registava 22.20 m, sendo nesse ponto intermédio o único concorrente a passar com menos de 23 minutos. Doze atletas em pelotão cumpririam esse parcial em 23.04 a 23.07 m.

Mantendo um ritmo muito regular mas de aceleração sustentada de volta para volta, o marchador eslovaco iria atingir a meia prova em 1.48.07 h, continuando a dar mostras de apontar para um magnífico resultado final, assim as forças não lhe faltassem na fase decisiva da competição. Era uma prova à parte. Mais para trás, Augustyn, Nowak e o irlandês Robert Heffernan eram os «sobreviventes» do pelotão perseguidor, passando aos 25 quilómetros com 1.52.26 h, visando marcas finais abaixo das três horas e 45 minutos.

Nas voltas seguintes ao circuito de mil metros, o líder conseguiria manter e até aumentar o ritmo, ainda que revelando alguma inconstância, ora mais rápido ora mais lento, mas sempre em alto nível de desempenho. Pouco após a passagem aos 36 quilómetros, Heffernan cedia perante os dois polacos e atrasava-se, para não mais regressar aos lugares de pódio. Rondava os sete minutos e meio o avanço de Tóth aos 40 quilómetros, momento em que o eslovaco passava com 2.51.46 h, contra 2.59.15 h de Augustyn e Nowak. Heffernan tinha então cerca de 80 metros de atraso para os polacos.

Até final, com pequenas variações, Matej Tóth iria manter o mesmo nível de prestação, acabando por registar a terceira melhor marca mundial de sempre, 3.34.38 h, marca que apenas não supera o recorde mundial do francês Yohann Diniz (3.32.33) e o antigo máximo mundial do russo Denis Nizhegorodov (3.34.14).

Na luta pelos restantes lugares do pódio, Rafal Augustyn conseguiria impor-se ao compatriota Lukasz Nowak, tanto pela sua própria capacidade de aumentar ligeiramente o ritmo após os 40 quilómetros como pela dificuldade de Nowak de acelerar nessa fase, ainda que não tivesse entrado em quebra significativa.

Mais para trás, depois de Heffernan (4.º, 3.48.44), nota para os recordes pessoais de Brendan Boyce (Irlanda, 5.º, 3.48.55, Veli-Matti Partanen (Finlândia, 6.º, 3.49.02, Adrian Blocki (Polónia, 7.º, 3.49.30, Matteo Giupponi (Itália, 8.º, 3.49.52). Portanto, os oito primeiros terminaram abaixo das três horas e 50 minutos. Realce ainda para o brasileiro Mário José dos Santos, nono classificado com um novo recorde do Brasil de 3.55.36 h.

Na prova feminina de 20 km, Eleonora Anna Giorgi esteve sempre numa posição de preponderância, tendo na ucraniana Lyudmila Olyanovska a única concorrente que lhe deu trabalho. Giorgi e Olyanovska destacaram-se cedo das colegas de prova e no final da segunda volta de mil metros tinham já uma pequena vantagem de cerca de dez metros sobre a checa Anežka Drahotová e uns 25 metros para a italiana Palmisano e a lituana Neringa Aidietyté. Mais para trás seguiam a brasileira Erica Rocha de Sena e a polaca Katarzyna Golba.

Com uma légua cumprida, Giorgi e Olyanovska passavam em 21.31 m, já com mais de cem metros de vantagem sobre Palmisano (22.04) e Aidietyté (22.07), enquanto Rocha de Sena e Drahotová registavam 22.11 m.

A meio da prova começava a definir-se já a ordem pela qual as atletas terminariam a competição, com Giorgi e Olyanovska cada vez mais destacadas (43.15), seguidas de Palmisano (44.18) e Erica Rocha de Sena (44.22).

Perto da entrada para a légua final, com quase 15 quilómetros percorridos, Eleonora Giorgi provocou forte aceleração, à qual Lyudmila Olyanovska não foi capaz de resistir, acabando mesmo por baixar o ritmo. Estava escrito o epitáfio da competição. Daí até final, seria uma questão de gestão de ritmo e de defesa de posições, sem alterações sigificativas entre as da frente.

À vitória em 1.26.46 h, Eleonora Anna Giorgi juntava o novo recorde nacional italiano, recorde da prova e uma importante subida na lista mundial de sempre, onde agora é a primeira fora russas (muitas), chinesas (algumas) e a bielorrussa Rita Turava.

Apesar da quebra evidente, Olyanovska conseguiu segurar o segundo posto (1.28.18), perante uma Palmisano (1.28.40) que se aproximou uns bons 150 metros nas últimas cinco voltas.

Merece ainda destaque o novo recorde brasileiro e sul-americano de Erica Rocha de Sena, quarta na meta, com 1.29.39 h, marca que supera o máximo pessoal pela margem considerável de um minuto e quatro segundos. Também a eslovaca Mária Gáliková superou o recorde do seu país, ao terminar com 1.31.42 h na oitava posição.

Por fim, nos 20 km masculinos, vitória do sul-africano Lebogang Shange, que de início pareceu arredado da luta pelos primeiros lugares. Apesar de, nas primeiras voltas, não integrar o quinteto que se formou na frente com o equatoriano Andres Chocho, o irlandês Alex Wright, o italiano Marco de Luca, o brasileiro Caio Bonfim e o polaco Dawid Tomala, a verdade é que Shange recolou dos cinco para os seis quilómetros e não mais largou a frente da competição, fosse em grupo ou sozinho.

A meio da prova, já com Dawid Tomala atrasado, os cinco da frente passavam com 41.35 m, para, dois quilómetros mais adiante, o sul-africano jogar o trunfo e partir isolado na busca da vitória. Já passou sozinho no final da 13.ª volta, nove segundos adiante de Andres Chocho e  até à meta a vantagem não parou de crescer, sempre com o equatoriano na segunda posição.Vitória final para Lebogang Shange (1.22.44), seguido de Chocho (1.23.200) e de Marco de Luca (1.23.43).

Os resultados completos podem ser encontrados aqui, com tempos parciais volta a volta.

Classificações
50 km
1.º, Matej Tóth (Eslováquia), 3.34.38
2.º, Rafal Augustyn (Polónia), 3.43.55
3.º, Lukasz Nowak (Polónia), 3.44.53
4.º, Robert Heffernan (Irlanda), 3.48.44
5.º, Brendan Boyce (Irlanda), 3.48.55
6.º, Veli-Matti Partanen (Finlândia), 3.49.02
7.º, Adrian Blocki (Polónia), 3.49.30
8.º, Matteo Giupponi (Itália), 3.49.52
9.º, Mário José dos Santos (Brasil), 3.55.36
10.º, Marc Mundell (África do Sul), 3.56.47

20 km femininos
1.ª, Eleonora Anna Giorgi (Itália), 1.26.46
2.ª, Lyudmila Olyanovska (Ucrânia), 1.28.18
3.ª, Antonella Palmisano (Itália), 1.28.40
4.ª, Erica Rocha de Sena (Brasil), 1.29.37
5.ª, Anežka Drahotová (Rep. Checa), 1.30.22
6.ª, Neringa Aidietyté (Lituânia), 1.31.21
7.ª, Viktória Madarász (Hungria), 1.31.35
8.ª, Mária Gáliková (Eslováquia), 1.31.42
9.ª, Katarzyna Golba (Polónia), 1.32.32
10.ª, Claudia Valderrama (Bolívia), 1.34.41

20 km masculinos
1.º, Lebogang Shange (África do Sul), 1.22.44
2.º, Andres Chocho (Equador), 1.23.20
3.º, Marco de Luca (Itália), 1981 Italy 1.23.43
4.º, Caio Bonfim (Brasil), 1.24.44
5.º, Alex Wright (Irlanda), 1.27.56
6.º, Normantas Petrisa (Lituânia), 1.28.54
7.º, Mert Atli (Turquia), 1.29.59
8.º, Sahin Senoduncu (Turquia), 1.30.39
9.º, Bruno Erent (Croácia), 1.34.38 PB
10.º, Filip Veselouš (Rep. Checa), 1.36.16