quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Nos primeiros tempos da Marcha Atlética em Portugal – Magoito 1976

Fotos: O Marchador e O Guia

Hoje recordamos, aqui, um episódio na história da introdução (pós 25 de Abril) da especialidade em Portugal, passados que são 43 anos. Na Vila do Magoito, em Sintra, a 21 de novembro de 1976, o cidadão francês Raymond Ismal, que tinha ligações familiares na região, levava a efeito, pela segunda vez (a primeira realizara-se um ano antes), provas de marcha atlética.

Raymond Ismal foi um dos grandes introdutores e dinamizadores da especialidade no nosso país, contagiando Aires Denis, o seu colega de profissão, que viria a prosseguir o seu trabalho com a realização de atividades em Santa Iria de Azóia, Póvoa de Santa Iria, Alhandra, Vialonga, Vila Franca de Xira, Queluz e Almeirim.

Sensivelmente no mesmo período temporal, Francisco Assis, fundista do Sport Lisboa e Benfica, introduzia a especialidade da marcha (também influenciado pela escola francesa de marcha), nas jornadas de captação que duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, a então Direção-Geral de Desportos promovia na desaparecida pista sintética do Sport Lisboa e Benfica, com grande adesão de atletas que, inclusivamente, participaram em provas de marcha, incluídas no Torneio dos Bairros, em novembro de 1975. 

Mais a norte, no distrito de Viseu, Carlos Albano, assistindo às transmissões televisivas dos Europeus de 1974, no Estádio Olímpico de Roma, com Fonseca e Costa (seu primo) e do amigo deste, Rui Mingas, entusiasmara-se com a técnica do soviético Vladimir Golubnichy, nascido em Sumy, hoje Ucrânia, que acabara de vencer os 20 km marcha, resolvendo, logo aí, dedicar-se à marcha atlética.

Mas voltemos ao Magoito. Os responsáveis benfiquistas de então entenderam fazer-se representar na prova com uma equipa de três marchadores, José Dias, Luís Dias, estes ainda juniores (sub-20), e José Pinto, que eram os mais experimentados de um número numeroso que semanalmente testava as suas qualidades técnicas para os lados da Luz.

A competição, na distância de 10 quilómetros, com quatro voltas à vila, foi vencida por José Pinto, que viria a constituir uma referência para as gerações futuras da marcha atlética, o primeiro marchador português a representar Portugal em Europeus e Mundiais de Atletismo e em Jogos Olímpicos. Luís Dias foi segundo classificado, José Tavares, do Clube de Futebol Santa Iria, o terceiro, José Flor, do Centro Amador Desporto Cultura de Almeirim, o quarto, e José Dias, o quinto.