Fotos: O Marchador e O Guia |
Hoje recordamos, aqui, um episódio
na história da introdução (pós 25 de Abril) da especialidade em Portugal,
passados que são 43 anos. Na Vila do Magoito, em Sintra, a 21 de novembro de
1976, o cidadão francês Raymond Ismal, que tinha ligações familiares na região,
levava a efeito, pela segunda vez (a primeira realizara-se um ano antes),
provas de marcha atlética.
Raymond Ismal foi um dos grandes
introdutores e dinamizadores da especialidade no nosso país, contagiando Aires
Denis, o seu colega de profissão, que viria a prosseguir o seu trabalho com a
realização de atividades em Santa Iria de Azóia, Póvoa de Santa Iria, Alhandra,
Vialonga, Vila Franca de Xira, Queluz e Almeirim.
Sensivelmente no mesmo período
temporal, Francisco Assis, fundista do Sport Lisboa e Benfica, introduzia a
especialidade da marcha (também influenciado pela escola francesa de marcha),
nas jornadas de captação que duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras,
a então Direção-Geral de Desportos promovia na desaparecida pista sintética do
Sport Lisboa e Benfica, com grande adesão de atletas que, inclusivamente,
participaram em provas de marcha, incluídas no Torneio dos Bairros, em novembro
de 1975.
Mais a norte, no distrito de Viseu,
Carlos Albano, assistindo às transmissões televisivas dos Europeus de 1974, no
Estádio Olímpico de Roma, com Fonseca e Costa (seu primo) e do amigo deste, Rui
Mingas, entusiasmara-se com a técnica do soviético Vladimir Golubnichy, nascido
em Sumy, hoje Ucrânia, que acabara de vencer os 20 km marcha, resolvendo, logo
aí, dedicar-se à marcha atlética.
Mas voltemos ao Magoito. Os
responsáveis benfiquistas de então entenderam fazer-se representar na prova com
uma equipa de três marchadores, José Dias, Luís Dias, estes ainda juniores
(sub-20), e José Pinto, que eram os mais experimentados de um número numeroso
que semanalmente testava as suas qualidades técnicas para os lados da Luz.
A competição, na distância de 10
quilómetros, com quatro voltas à vila, foi vencida por José Pinto, que viria a
constituir uma referência para as gerações futuras da marcha atlética, o primeiro
marchador português a representar Portugal em Europeus e Mundiais de Atletismo
e em Jogos Olímpicos. Luís Dias foi segundo classificado, José Tavares, do
Clube de Futebol Santa Iria, o terceiro, José Flor, do Centro Amador Desporto
Cultura de Almeirim, o quarto, e José Dias, o quinto.