José Pinto competindo em pista em 1982. Foto: arquivo da revista «Os Belenenses» |
Os dois primeiros recordes nacionais da distância tinham sido pertença de Luís Dias, alcançados na vila-fetiche da Urgeiriça. Primeiro, com 1.46.00 h (18/6/1978); depois, 1.38.58 h (22/4/1979). Ao benfiquista seguiu-se o santa-iriense Paulo Alves, actual coordenador nacional do Desporto Escolar, com 1.38.02 h, em Lisboa a 23/3/1980, e a já referida marca de Abril desse ano.
A marca de José Pinto em Alenquer veio abrir uma nova fase na marcha portuguesa, já que um mês volvido, a 28 de Março, o belenenese viria a conseguir pela primeira vez entre os marchadores portugueses mínimos para uma grande competição internacional, os europeus de Atenas de 1982. Foi em Beja que José Pinto concretizou um sonho que à entrada para a última volta do Grande Prémio Pax Julia parecia impossível. Quando já ninguém parecia acreditar, Pinto arrancou uma volta final à sua maneira e terminou com 1.28.50 h, novo recorde nacional e mínimos por 10 segundos para os campeonatos da Europa. Já o seu companheiro em toda aquela prova, o sempre irrepreensível Hélder Oliveira (SC Olhanense), falhou aqueles mínimos por escassos dois segundos.
José Pinto permaneceria na posse ininterrupta do recorde nacional dos 20 km marcha até 13 de Junho de 1987, dia em que o jovem José Urbano, então a representar o Olivais Sul, alcançou em Lisboa um novo máximo nacional, com 1.24.49 h. José Pinto responderia dois anos mais tarde, em 7 de Maio de 1989, obtendo no Montijo 1.24.05 h, após luta titânica entre os dois rivais pela vitória nesse grande prémio montijense. Mas três semanas depois José Urbano retiraria definitivamente José Pinto da posse do recorde dos 20 km, ao alcançar em L'Hospitalet, durante a Taça do Mundo de Marcha, 1.22.19 h.
Com aquela marca «inaugural» de Alenquer, em 1982, José Pinto abriu uma nova era na marcha portuguesa, iniciando um reinado que se prolongou quase até ao final da década. O actual recorde nacional está cifrado em 1.20.09 h e foi obtido por João Vieira em Gotemburgo a 8 de Agosto de 2006, durante os Campeonatos da Europa de Atletismo. Resta agora esperar que algum dos mais destacados marchadores portugueses baixe pela primeira vez a barreira da hora e vinte, feito que muito honrará o seu autor e ajudará a ilustrar uma evolução em que alguns dos mais importantes contributos foram dados por José Pinto, marchador do Belenenses, figura da maior grandeza no desporto português.