Robert Heffernan. Foto: Augustas Didzgalvis |
De Robert Heffernan já se sabia pelo
menos o essencial: que foi campeão do mundo de 50 km marcha, que foi medalhado
em campeonatos europeus de atletismo e em Jogos Olímpicos, que nos europeus de
Barcelona de 2010 conseguiu o terceiro lugar nos 20 km e o quarto nos 50 km com
apenas três dias de intervalo, que foi presença regular nas grandes competições
internacionais de marcha durante quase vinte anos e que é uma das figuras mais
destacadas na história do desporto irlandês. Mas poucos são os que conhecem o caminho
percorrido pelo rapaz de Cork para chegar ao topo da marcha mundial.
«Walking Tall» é a autobiografia de
Robert Heffernan e, como tal, a oportunidade para conhecer, a partir da
narração do próprio atleta, os momentos de alegria e de tristeza que foram
marcando a ascensão ao sucesso, a superação das lesões, os momentos de
desânimo, as dificuldades económicas. Também as divergências com a Federação
Irlandesa de Atletismo e o Conselho de Desporto da Irlanda no processo de
reclamação da medalha olímpica de Londres são detalhadas por Heffernan neste
livro, que revela o combate travado pelo atleta sem apoio institucional para
que o russo Sergey Kirdyapkin, apanhado nas malhas da luta contra a dopagem,
fosse desapossado da medalha de ouro conquistada na capital britânica, numa
prova em que Robert Heffernan tinha sido o quarto a cortar a meta.
Assente na subjectividade própria de
uma biografia escrita pelo biografado, «Walking Tall» não deixa de revelar
alguns dos episódios mais marcantes da carreiro de um atleta que já adulto
começou a ganhar notoriedade internacional, começando por ser um atleta de fim
do pelotão para se tornar no campeão que em Moscovo, em 2013, derrotou todos os
colegas de prova para sagrar-se campeão mundial dos 50 km marcha.
Com edição em papel e em versão
electrónica, o livro foi lançado em 2016 e compõe-se de 216 páginas ilustradas
com fotografias a cores. Houve quem dissesse tratar-se de uma obra fascinante,
despertando o leitor para problemas que normalmente não imagina. Houve também
quem afirmasse tratar-se de um livro escrito com paixão, de fácil leitura e
revelador. Uma coisa «Walking Tall» não deixará de ser: uma história contada
sobre várias histórias conhecidas e outras que nunca tinham chegado à percepção
do mais interessados no fenómeno internacional da marcha atlética.
Mas, atenção a quem for procurar o
livro na Internet: não confundir com outras obras (cinematográficas) que surgem
com o mesmo título, nada têm que ver com a autobiografia do mais famoso
marchador irlandês e onde há sempre alguém a querer fazer justiça com as
próprias mãos.
Mera coincidência. Mera coincidência?