A finlandesa Sari Essayah e Susana Feitor momentos antes da partida da prova. Foto: arquivo «O Marchador» |
Assinalam-se 26 anos da realização
do primeiro grande prémio internacional de marcha atlética da cidade de Rio
Maior, evento patrocinado pela Câmara Municipal de Rio Maior e que se revelou
um enorme sucesso desportivo, afirmando-se nos anos subsequentes como uma das
grandes competições internacionais desportivas que se têm firmado no nosso
país.
Susana Feitor, então a grande
revelação do atletismo português, conquistara, um ano antes, a medalha de ouro
na prova dos 5.000 metros marcha (pista) dos campeonatos mundiais de juniores
(Sub-20) e no ano da inauguração do evento de Rio Maior, obtinha outra medalha,
desta vez a de prata, conseguida nos europeus de juniores em Salónica, Grécia.
A estreia, no plano internacional,
desta atleta de eleição, nascida em Alcobertas, Rio Maior, a 15 de janeiro de
1975, aconteceu em 1989. Obtivera os mínimos para os europeus de juniores, mas,
num primeiro momento, a estrutura técnica da FPA e o próprio Técnico Nacional
de Marcha recusariam a sua participação devido à idade da atleta (14 anos),
medida que viria a ser revertida pela direção da FPA após exposição
fundamentada da então Comissão Nacional de Marcha.
Jorge Miguel, o treinador da atleta
ribatejana, e que a descobriu para a marcha atlética, foi quem propôs à
autarquia de Rio Maior, na ocasião presidida por Silvino Sequeira, a efetivação
de uma competição internacional no centro da cidade, de modo a homenagear a
figura de Susana Feitor que, com uma carreira desportiva de mais de um quarto de
século, se afirmaria na marchadora portuguesa mais medalhada a nível
internacional.
A cidade de Rio Maior e a marcha
atlética estão, pois, indissociavelmente ligados, o que justifica que, ano após
ano, com o apoio da autarquia, presidida por Isaura Morais (nas eleições
recentemente realizadas foi reconduzida para mais um mandato, o último, de
quatro anos) aposte numa competição de elevado nível internacional, uma das
poucas no mundo que constam do Challenge Mundial da Federação Internacional de
Atletismo e que tem atraído à cidade campeões continentais, mundiais e
olímpicos.
Naquele dia 5 de outubro de 1991,
numa esplêndida tarde de Outono, apresentaram-se para as principais provas do
programa do evento os melhores marchadores nacionais com destaque, nos 10 km
masculinos, para José Urbano, e nos 5 km femininos, para Susana Feitor.
No setor masculino, o internacional
José Urbano (olímpico em 1988, 1992 e 1996) entraria para a história da
competição ao sagrar-se vencedor, ele que provinha de uma acutilante escola de
marcha atlética do Benfica iniciada nos anos 70 e que dos vários jovens
marchadores que a integraram, sobressaíam, entre outros, nomes como José Pinto,
Rui Oliveira, Luís Carapinha, Paulo Pires e João Maral, todos com participações
em provas no estrangeiro, representando seleções nacionais.
No setor feminino, venceu a
finlandesa Sari Essayah, convidada de honra da organização. Foi uma atleta de
alto gabarito mundial e com uma atividade internacional (1987-1996), plena de
excelentes resultados dos quais se destacam o 4.º lugar nos Jogos Olímpicos de
Barcelona (1992), a medalha de ouro dos mundiais de Estugarda (1993), a medalha
de bronze nos mundiais de Tóquio (1991) e o título de campeã europeia em
Helsínquia (1994). Após a cessação da atividade atlética integrou, durante
alguns anos, o Comité de Marcha da IAAF e presentemente é deputada no
Parlamento da Finlândia, presidindo a um partido político.
Em 2018, a 7 de abril, Rio Maior
será de novo a capital mundial da marcha com a realização da 27.ª edição do seu
grande prémio internacional (prova integrada no Challenge Mundial da IAAF) e,
como tem acontecido desde sempre, sob a coordenação de Jorge Miguel.