Um artigo da «Revista Atletismo»
por Arons de Carvalho (2017-01-17)
Inês Henriques acaba de estabelecer
o recorde mundial feminino de 50 km marcha, com uma excelente marca: 4h 08m
26s. Fez muito melhor que o tempo mínimo que a IAAF estabelecia para reconhecer
o recorde: 4 h 30m. E fez melhor que o oficioso recorde da sueca Monica
Svensson, que conseguira 4.10.59 em 2007, a melhor marca conhecida.
A IAAF oficializou assim a única
prova que ainda não era comum aos homens e mulheres. Em ano de Mundial (em
Londres), colocava-se o problema: para quando a introdução da prova nas grandes
competições, nomeadamente Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos? Vejamos como
foi com as últimas provas introduzidas no setor feminino, apontando os anos de
homologação do primeiro recorde mundial (RM) e a estreia em Campeonatos do
Mundo (CM) e Jogos Olímpicos (JO):
RM CM JO
Triplo 1990 1993 1996
Vara 1992 1999 2000
Martelo 1994 1999 2000
3000 ob. 2000 2005 2008
Verifica-se assim que entre a
oficialização do recorde mundial e a estreia em Mundiais mediaram entre três
anos (triplo) e sete anos (vara), só sendo admitidas as novas provas quando
estas já estavam devidamente sedimentadas.
Daí que, independentemente do
natural desejo português de aproveitar esta oportunidade para Inês Henriques
voltar a brilhar, teremos que reconhecer que não faz sentido introduzir já a
prova no Mundial deste ano. Na Taça do Mundo do ano passado, foi permitida a
participação feminina na prova masculina e só apareceu uma norte-americana, que
foi ultimíssima, com mais de quatro horas e meia. No entanto, a IAAF resolveu,
em relação ao Mundial de Londres, voltar a permitir a participação de atletas
femininas na prova masculina, desde que satisfizessem a marca mínima (demasiado
acessível para os homens, muitíssimo – e anacronicamente – exigente para as
mulheres) de 4h 06m.
Uma medida que acaba por não ser nem
carne nem peixe…
Ligação para o artigo, aqui.