domingo, 22 de junho de 2014

Doping: chegou a vez da campeã olímpica Elena Lashmanova

Lashmanova na Taça da Europa de Olhão-2011.
Foto: O Marchador
A Comissão Antidoping da Federação Russa de Atletismo anunciou este sábado ter suspenso por dois anos a marchadora Elena Lashmanova por violação das regras antidopagem. A decisão tem por base o resultado de uma análise após recolha de amostra em 4 de Janeiro, numa pesquisa fora de competição, e que revelou a presença de metabolito GW1516, um modulador que permite aumentar a resistência de forma rápida.

A suspensão produz efeito a partir de 26 de Fevereiro deste ano, prolongando-se até 25 de Fevereiro de 2016.

Nascida em Saransk em 9 de Abril de 1992, Elena Lashmanova é a campeã olímpica em título, depois de vencer os 20 km marcha femininos dos Jogos de Londres, em 11 de Agosto de 2012, no seu primeiro ano de sénior. Antes disso, a 13 de Maio desse ano, vencera igual prova da Taça do Mundo de Marcha de Saransk, naquele que foi o seu primeiro grande sucesso internacional no escalão de seniores. Nessa ocasião, permitiu que a grande favorita Olga Kaniskina andasse, como sempre, isolada na frente, encetando nos quilómetros finais uma recuperação irresistível para se superiorizar à compatriota. A mesma táctica viria a proporcionar-lhe o ouro olímpico três meses mais tarde, perante a mesma colega de prova.

Mas a fama internacional da atleta orientada por Viktor Chyogin começara três anos antes, quando em 11 de Julho de 2009 se sagrou campeã mundial de juvenis em Bressanone (Itália). Como júnior, viria a ser campeã mundial em 2010 (Moncton, Canadá) e campeã europeia em 2011 (Tallinn, Estónia, com recorde mundial de 42.59,48 nos 10.000 m, ainda em vigor), ano em que venceu igualmente os 10 km juniores femininos da Taça da Europa de Olhão (2011).

Actualmente, além de campeã olímpica, a atleta russa ostenta o título de campeã do mundo (Moscovo-2013), sendo também a recordista mundial e olímpica feminina dos 20 km marcha, com 1.25.05 h, a marca registada nos Jogos Olímpicos de Londres. Em 2013, graças às vitórias nos mundiais de Moscovo e nos grandes prémios de Rio Maior e Sesto San Giovanni, foi a vencedora feminina do Challenge de Marcha da AIFA, imediatamente à frente das portuguesas Inês Henriques e Ana Cabecinha, segunda e terceira colocadas.

A par da irlandesa Kate Veale, Elena Lashmanova foi em 2011 uma das marchadoras integradas pela Associação Europeia de Atletismo na lista de 15 jovens praticantes de atletismo considerados esperanças da modalidade na Europa. Agora, com 22 anos e um currículo dos mais ricos do mundo, é mais um ídolo com pés de barro, caído do pedestal da fama e da riqueza para o charco dos desgraçados.

Tal como em 2012, podemos recuperar o livro predilecto da atleta, «O Principezinho», de Antoine de Saint-Éxupery, em especial a passagem que refere: «preparar o futuro significa fundamentar o presente». Lembrámos esta passagem em 2012, após a vitória nos Jogos Olímpicos; lembramo-la também agora, por se completar o sentido que então se lhe podia atribuir.