sexta-feira, 8 de março de 2013

Nathan Deakes deixa a competição em definitivo

Nathan Deakes em Atenas/2004 e Ósaca/2007. Fotos: AP
O marchador australiano Nathan Deakes, de 35 anos, anunciou esta sexta-feira que abandona o atletismo, após 17 anos de carreira competitiva ao longo da qual se tornou uma das grandes figuras da história desportiva da Austrália. A decisão tem efeito imediato e foi tornada pública pela Federação Australiana de Atletismo.

Reconhecido como um dos melhores marchadores mundiais de sempre, Deakes revelou-se ao mundo aos 17 anos, quando, nos mundiais de juniores de 1996, em Sydney, conquistou a medalha de bronze dos 10 mil metros marcha masculinos. Nessa ocasião registou 41.11,44 m, sendo batido apenas pelos espanhóis Francisco Fernández (40.38,25) e David Márquez (41.03,73).

Já como sénior, Nathan Deakes evidenciou-se na Taça do Mundo de 2004, em Naumburg (Alemanha), ao alcançar o terceiro lugar na prova de 20 km, numa competição em que manteve os superfavoritos Jefferson Pérez (Equador, 1.º) e Robert Korzeniowski (Polónia, 2.º) sempre ao alcance. Repetiria a classificação três meses depois, nos Jogos Olímpicos de Atenas, conquistando nova medalha de bronze numa prova ganha pelo italiano Ivano Brugnetti (F. Fernández foi 2.º).

Nathan Deakes reorientou depois a carreira para a distância longa, na qual viria a sagrar-se campeão do mundo em 2007, em Ósaca (Japão), com 3.43.53 h, à frente do francês Yohann Diniz e do italiano Alex Schwazer. Nesse momento, Deakes era já um cinquentista consumado, detendo desde 2 de Dezembro de 2006 o recorde mundial dos 50 km, com a marca obtida em Geelong (sua terra natal) de 3.35.47 h. Um máximo que sobreviveria até 11 de Maio de 2008, quando o russo Denis Nizhegorodov o superou na Taça do Mundo de Cheboksary, com o recorde que ainda hoje se mantém: 3.34.14 h.

«O meu momento alto foi a vitória nos mundiais de Ósaca», disse na semana passada, ao anunciar a retirada. «Foi um ano estranho [2007], em que estive muito tempo com problemas, até me instalar em Itália e conseguir continuidade no treino. E isso aconteceu quando mais precisava, pelo que a vitória [nos mundiais] foi muito especial.»

«O título mundial surgiu no ano a seguir a ter batido o recorde do mundo 'em casa', Geelong, em Dezembro de 2006. Nós, marchadores, competimos nos locais mais estranhos, mas conseguir marchar ao melhor nível junto da família e dos amigos na minha terra foi fantástico. O recorde mundial foi a cereja no bolo, depois de toda uma experiência que já era fabulosa.»

Apoquentado por lesões, o australiano começou depois a revelar grandes dificuldades em cumprir os objectivos a que se propunha, desistindo em algumas importantes competições, como foi dramaticamente testemunhado pelos espectadores dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008).

A carreira competitiva viria a terminar nos Jogos de Londres do ano passado, conforme já era previsto. «Já tinha decidido que Londres seria a minha última competição. Conseguir acabar ao meu nível era muito importante, porque tinha desistido em Peqim por lesão. Os últimos quatro anos e meio foram muitíssimo difíceis, com lesões constantes e sem conseguir suportar as cargas de treino que antes fazia. Mas tudo passou para segundo plano com o nascimento da minha primeira filha, Mia, seis semanas depois dos Jogos», acrescentou.

Nathan Deakes abandona a competição com a melhor combinação de recordes pessoais de 20 e 50 km. Na distância mais curta detém a quinta melhor marca mundial de sempre, com 1.17.33 h; na distância longa permanece como o segundo melhor de sempre em todo o mundo, com o já referido anterior máximo mundial de 3.35.47 h. No seu país, Deakes foi nove vezes campeão nacional, além de ter sido eleito Desportista Masculino do Ano em 2006.

No momento de se retirar, o marchador australiano manifesta vontade de continuar ligado à modalidade de alguma forma. «O desporto deu-me tanto que, a meu ver, seria egoísmo da minha parte não dar agora alguma coisa em troca. Como é óbvio, continuo profundamente apaixonado pelo atletismo, pela minha especialidade em particular, e estou aberto para qualquer coisa que me apareça.»

Referindo-se à decisão de Nathan Deakes de abandonar a actividade competitiva, o presidente da federação australiana, Rob Fildes, felicitou o atleta pela extraordinária carreira. «Nathan foi uma marca do atletismo australiano durante muitos anos e os seus sucessos são um grande orgulho da federação», afirmou Fildes.

«Estamos gratos ao Nathan pelo extraordinário impulso que deu ao nosso desporto e pelo seu maravilhoso sucesso tanto na Austrália como nas grandes competições mundiais. É óptimo saber que ele tenciona continuar ligado ao atletismo no futuro e ficamos na expectativa de partilhar o novo capítulo da sua vida desportiva», rematou o dirigente australiano.