Selecção portuguesa para Turim-2002 |
Turim, uma das mais industrializadas e ricas cidades do norte de Itália, foi palco, em 2002, da 19.ª da Taça do Mundo de Marcha. Desde a 3.ª edição, realizada em 1965, em Pescara, que a competição não visitava a Itália. Levada a efeito no final da temporada competitiva e, para os nossos marchadores, a equivaler, de facto, ao começo da época, a prova passou a ser marcada pela disputa em anos pares, e daí o interregno de três anos, após Mézidon-99.
A competição, realizada bem no centro da cidade, com um número recorde de países participantes (51), e perante numeroso e entusiástico público, teve um dos momentos mais brilhantes e emocionantes alguma vez vividos em competições do género: a parte final dos 20 km femininos. A 400 metros do fim, disputavam freneticamente a vitória, a italiana Alfridi e as russas Ivanova e Fedoskina. À espera, junto à meta, encontrava-se a mãe de Erica Alfridi. Não se sabe como, nem porquê, de repente, a senhora Alfridi rompe o cordão de segurança e, no meio dos oficiais que nunca a questionaram, espera e grita pela sua filha correndo para a abraçar mal corta a meta, vitoriosa após vigoroso "sprint". Ivanova ficou a apenas dois segundos e Fedoskina, a quatro.
Nas outras provas do programa, há que assinalar o esmagador triunfo coletivo da Rússia em todas as provas e as vitórias individuais de Jefferson Pérez (Equador), nos 20 km, e de Aleksey Voyevodin (Rússia), nos 50 km.
Para a representação portuguesa, as prestações individuais e no plano coletivo foram positivas, com a seleção a alcançar os melhores resultados de sempre, o 7.º lugar nos 20 km masculinos e, também, nos 20 km femininos, assim como a 9.ª posição na prova masculina dos 50 km. João Vieira (11.º), Augusto Cardoso (22.º), António Pereira (49.º), nos 20 km, Pedro Martins (32.º), Luís Gil (41.º), Gonçalo Fonseca (45.º) e José Magalhães (48.º), nos 50 km, Susana Feitor (14.ª), Inês Henriques (23.ª), Vera Santos (36.ª), Maribel Gonçalves (40.ª) e Sofia Avoila (43.ª), nos 20 km, compuseram a equipa nacional.
O enquadramento técnico coube a Luís Dias, à época técnico nacional de marcha, que também chefiou a delegação portuguesa, e a Jorge Miguel (treinador dos atletas de Rio Maior) e António Góis (treinador da então muito promissora atleta madeirense Maribel Gonçalves). Pedro Branco (médico) e José Urbano (massagista) integraram a comitiva oficial.
Augusto Cardoso, o marchador que mais vezes representou Portugal em Taças do Mundo, descreve-nos as suas impressões: "Foi uma experiência diferente das anteriormente vividas por mim. O circuito, citadino, se bem que atrativo para quem estivesse a assistir e muito agradável à vista pelos belos monumentos à sua volta, constituiu obstáculo de monta em termos técnicos na medida em que tivemos de marchar em piso escorregadio e zonas de “paralelo” com o asfalto, na sua maior parte, formado por lajes. Mesmo assim, e atendendo a que eu estava a iniciar a época, considero que realizei uma boa prova, num agradável tempo final de 1.27.07. O ambiente foi bom. Gostei da cidade. O local onde ficámos alojados tinha um cenário maravilhoso de onde se podia vislumbrar os alpes italianos, cobertos de neve.”