sábado, 6 de fevereiro de 2016

Amaro Teixeira (Covilhã, Castelo Branco) na primeira pessoa – parte I

Amaro Teixeira e Inês Reis, quando do O.Jovem-14.
Foto: Laura Taborda
O Marchador – Quem é Amaro Teixeira?

Amaro Teixeira – Tenho 26 anos, estou a viver na Covilhã e sou natural da ilha do Faial nos Açores. Comecei a praticar atletismo no Clube Independente Atletismo Ilha Azul (CIAIA), clube que disputava há uns anos atrás as fases finais dos nacionais de clubes e no setor da marcha tiveram vários anos, o conhecido Dionísio Ventura e mais tarde também o Pedro Marcelo Santos que atualmente representa o Centro de Atletismo de Seia.

Durante os 6 anos que pratiquei lá atletismo, antes de ingressar em 2008 na Universidade da Beira Interior, em Ciências do Desporto, treinei sempre direcionado para o meio fundo, fazia muitas competições de pista nas distâncias entre 800m e 3000m. Ao ingressar na universidade e com a participação nas competições universitárias é que surgiu a marcha atlética, com o objetivo de dar pontos para a equipa “aventurei-me” quase sem treinos de marcha a fazer e a terminar a prova de 10km/marcha em 2011 (1Hora19minutos), que foi quando a marcha voltou a ser integrada nestes campeonatos nacionais.

Em 2012 voltei com o mesmo objetivo, continuando sem treino específico de marcha, sendo que nesses campeonatos por terem sido desclassificados 2 atletas bons, o Luís Lopes e o Cristiano António, eu terminei no 3º lugar. Nestes campeonatos estava presente a assistir, o Técnico Nacional de Marcha da FPA, Carlos Carmino, que me conheceu e incentivou para que eu começasse a treinar marcha atlética e então passou a ser o meu treinador, e juntamente com a medalha que ganhei, este foi o ponto de viragem na minha carreira no atletismo enquanto atleta e também enquanto treinador.

Enquanto atleta marchador, representei o GCA Donas e em 2014 fiz, pela primeira vez, mínimos para uns Campeonatos de Portugal e após estes campeonatos ingressei na equipa do SC Braga e contribui para serem campeões da II Divisão Nacional em pista ar livre.

Na presente época ingressei num novo projeto, que é o do Leiria Marcha Atlética que além de querer desenvolver a marcha atlética, ambiciona apresentar classificações coletivas nas competições nacionais de estrada. A nível universitário já detenho 4 títulos de campeão nacional e o recorde nacional de 10km em pista ar livre. Também já completei por 3 vezes a dura prova de 50km/Marcha e não irei ficar por aqui. Enquanto treinador de atletas de marcha atlética, têm-me aparecido alguns atletas com grande determinação e vontade, falo por exemplo da Inês Reis e do Luís Pássaro, foram casos de atletas que na sua fase inicial de aprendizagem praticamente não conseguiam fazer 1 volta à pista a marchar bem e sem terem de parar. Também outro marchador que tem estado desde o início comigo e também pela ligação das provas nacionais universitárias é o Manuel Alves, com um pouco menos de determinação mas com boas qualidades técnicas.

Atualmente estou em doutoramento em Ciências do Desporto, também na UBI e no atletismo contínuo responsável pela equipa universitária e integrei-me esta época num novo projeto para o atletismo federado, cá na cidade da Covilhã, que envolve parcerias entre a Universidade, o CCD Leões da Floresta e o Penta Clube da Covilhã, sendo ainda atleta do Leiria Marcha Atlética.

OM – Em que contexto surgiu a possibilidade de orientar jovens marchadores?

AT – O GCA Donas funciona com um grupo de treino no Fundão e outro na Covilhã, comecei a treinar alguns jovens de várias disciplinas, mas nenhum de Marcha Atlética, em janeiro de 2013, porque o treinador na altura responsável pelos atletas jovens, Bruno Mangana, teve alguns problemas de saúde e foi-me pedido para além dos atletas universitários ficar também com os jovens da área da Covilhã. Em outubro de 2013 surgiu a jovem Inês Reis que pediu para aprender marcha atlética porque até já me tinha visto a treinar e achava giro. Atrás dela foram aparecendo mais alguns, e neste momento é mais fácil que alguém queira aprender porque já têm algumas referências.

O GCA Donas foi um clube que também contribuiu para a minha formação e conhecimentos, tinha como referência a conhecida marchadora, Liliana Martins, que ainda me transmitiu alguns conhecimentos. Atualmente no novo projeto em que estou, treino atletas entre Benjamins e Juvenis, em representação do Penta Clube da Covilhã. Entre os escalões de juniores e veteranos em representação do CCD Leões da Floresta/UBI e ainda oriento os atletas universitários.

OM – Quais os atletas que treina e as potencialidades dos mesmos?

AT – Começando pelos mais jovens, tenho atualmente algumas jovens que já praticavam Pentatlo Moderno, no clube onde agora estou, e ao verem a Inês Reis marchar quiseram experimentar, são as irmãs Rita e Mariana Poeta e a Leonor Gomes. Todas têm feito um pouco de tudo, são ainda muito jovens, a Rita é de 2008, a Mariana e a Leonor são de 2004. Conseguem executar um bom gesto técnico e a Mariana fez já prova de 1000m em 5min27seg e de 500m em 2min35, a meu ver resultados surpreendentes sem treino específico e para a sua idade. A Leonor tem uma estatura mais baixa e nota-se mais nos resultados nesta idade, mas à medida que for crescendo irá notar-se também nos resultados.

No escalão de iniciados tenho a dar os primeiros passos, o João Bernardo que tem feito treinos de velocidade e meio fundo, mas já completou duas provas de marcha atlética em estrada, sem treinos específicos, já regista 26min18 aos 4km, poderá vir a surpreender.

No escalão de Juvenis tenho a Inês Reis, que já não precisa de apresentações, conseguiu já algumas medalhas em campeonatos nacionais, mínimos para integração nas tabelas PAR da FPA e esta época deseja conseguir representar, pela primeira vez Portugal, no 1º Campeonato da Europa de Juvenis. Ela tem grandes potencialidades juntamente com grande determinação e vontade.

Também neste escalão tenho de referenciar a meio fundista Laura Taborda que já completou algumas competições de marcha atlética, como treino e para participar, e temos mais atletas praticantes de marcha atlética, sem prejudicar os seus objetivos, contando já na época passada com uma medalha de vice-campeã nacional em 2000m/Obstáculos.

No escalão de juniores destaco a grande determinação e evolução do Francisco Serra que com o treino da marcha atlética ganhou muita coordenação de movimentos e já apresenta níveis razoáveis de resistência, sendo que quando se juntou ao grupo não era capaz de dar 2 voltas à pista a correr sem parar. No mesmo escalão também tenho uma nova atleta, Laura Correia, que fez a sua estreia no passado dia 3 de janeiro em Oliveira do Douro, nunca tendo praticado desporto no passado, é também um novo desafio para mim e para ela, no futuro espero vê-la a completar várias distâncias e competições.

No escalão de Sub-23 tenho o Luís Pássaro que recentemente acabou a licenciatura de Gestão na UBI e foi trabalhar para a terra dele, sendo uma grande perda para o nosso grupo de treino, estando agora a treinar sem companhia de treino e com algumas limitações, uma delas é não ter pista de atletismo acessível para os horários de trabalho dele. Mas sem dúvida nenhuma que é um atleta com grandes capacidades e teve uma evolução surpreendente em cerca de 1 ano e meio de prática de marcha atlética.

No mesmo escalão o Manuel Alves está comigo quase desde o início que comecei a marchar, ele também evoluiu bastante e tem boa qualidade do gesto técnico, só falta mais alguma regularidade ao treino. Por fim e não menos importante, tenho a também sub-23, Jéssica Guerra, que tem apresentado grande evolução na sua técnica e também nos seus níveis de resistência, é também um caso de superação pessoal.