quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Pequim: marcha feminina portuguesa gera expetativas

Cabecinha, a marchadora portuguesa melhor posicionada em Pequim.
Foto: fb RaceWalk Pictures
A prova dos 20 km marcha femininos que será disputada no dia 28 (sexta-feira) em Pequim a partir das 8:30 horas locais (uma e trinta da madrugada) será uma das competições que concita as atenções gerais da representação lusa aos campeonatos mundiais de atletismo, principalmente pela sua figura de maior prestígio, a algarvia Ana Cabecinha, campeã nacional, a par de Nélson Évora (campeão olímpico em 2008) na prova do triplo salto.

Em entrevista concedida há dias aos media nacionais, Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, não escondeu o otimismo em bons resultados da delegação de 16 atletas presente nos mundiais, referindo que “...quanto a lugares no pódio, penso que podemos almejar duas ou três medalhas. A Sara Moreira, o Nélson Évora e a Ana Cabecinha são os atletas com melhores hipóteses de trazerem uma medalha para Portugal". E acrescentou que “… a FPA deu todas as condições para que não faltasse nada ao lote dos 16 atletas que alcançaram os mínimos para o Mundial" algo que contraste com as afirmações de Cabecinha, reproduzidas num diário desportivo: “Tinha estágios já programados mas a Federação, entretanto, reduziu as verbas disponibilizadas nas bolsas para a preparação e tive de ser eu a pagar o estágio de Monte Gordo, de 10 dias, entre final de junho e início de julho”.

Ana Cabecinha, de 31 anos, treinada por Paulo Murta, recordista nacional com a marca de 1.27.46, realizada precisamente em Pequim, nos Jogos Olímpicos, onde se classificou em 8.º lugar, prefere colocar a ênfase na possibilidade de realizar a melhor classificação nuns mundiais, tendo referido ao mesmo diário desportivo que “melhorar o 7.º lugar seria maravilhoso”, classificação que obteve nos últimos mundiais, há dois anos em Moscovo. Este ano tem como melhor marca o tempo de 1.28.28. Acompanham-na Inês Henriques (7.ª em 2007) e Vera Santos (5.ª em 2009), duas marchadoras com provas dadas internacionalmente.

O nível competitivo será muito elevado sendo apontada como grande favorita ao título mundial a chinesa Hong Liu que na Corunha, há pouco mais de três meses, bateu o recorde mundial na distância com o tempo de 1.24.38 recordando também que outra chinesa, Lu Xiuzhi, há uns meses, na prova teste para os mundiais, praticamente em contra-relógio, alcançou a vitória com 1.25.12. A italiana Eleonora Giorgio (1.26.17), a jovem checa Anezka Drahotová (1.26.53), a ucraniana Lyudmyla Olyanovska (1.27.09) e a “imprevisível” Elisa Rigaudo (Itália) são nomes a ter em conta na discussão pelas medalhas.

Numa competição marcada pelo facto, absolutamente inédito em todo o seu historial, da ausência da seleção feminina, medida imposta pela federação russa face aos desenvolvimentos conhecidos de casos de doping, abrem-se oportunidades a outras atletas. Tradicionalmente muito fortes em mundiais, as atletas russas apenas não subiram ao pódio nas edições de 1993, 1997 e 1999, tendo alcançado 15 das 39 medalhas em disputa.