Campeãs com perfil: Ana Cabecinha, Inês Henriques, Vera Santos e Susana Feitor. Foto: O Marchador |
No rescaldo de mais uma edição, a décima, da Taça da Europa de Marcha, que este domingo teve lugar em Dudince, algumas ideias resultam de uma análise, mesmo não aprofundada, do desempenho dos atletas portugueses.
Como é natural, o sucesso da equipa feminina sobrepõe-se a todos os demais resultados, individuais ou colectivos, dos nossos marchadores, tendo constituído o regresso de Portugal ao pódio feminino, onde estivera pela última vez em 2005. Nesse ano, em Miskolc (Hungria), Portugal vencera. Nas três edições seguintes registou dois quartos lugares (Leamington-2007 e Olhão-2011) e uma não classificação em Metz-2009, quando apenas Ana Cabecinha concluiu.
De resto, a atleta do C.O. Pechão averbou o melhor desempenho individual português nesta terceira visita da Taça da Europa a Dudince, alcançando o quinto posto nos 20 km femininos e progredindo nada menos que oito lugares na melhor classificação que obtivera nas quatro taças da Europa em que já tinha alinhado (antes fora 13.ª em Metz-2009).
Na sua equipa, Inês Henriques, ao ser oitava, ficou a apenas um lugar do sétimo posto registado em Leamington-2007 (1.30.24, seu melhor em taças da Europa), enquanto Vera Santos garantia mínimos para os mundiais de Moscovo, terminando em décimo lugar (tinha como melhor o 8.º de júnior em Eisenhüttenstadt-2000). A recuperar de lesão, Susana Feitor chegou em 31.º lugar com 1.39.22 h, menos 21 segundos do que registara em Sesto San Giovanni em 1 de Maio, na sua única competição deste ano.
Nas restantes provas, nota de realce para o recorde pessoal de Pedro Isidro nos 50 km, o único máximo obtido pelos portugueses em Dudince e que permitiu ao marchador do Benfica subir dois lugares na lista nacional de sempre da distância. As 3.57.09 h registadas representam uma melhoria de 51 segundos sobre o anterior recorde pessoal, obtido na Taça do Mundo de Saransk do ano passado. A equipa fechou com Pedro Martins no 24.º lugar e Luís Gil em 25.º, sendo o atleta da Guarda um dos totalistas portugueses em taças da Europa. Dionísio Ventura terminou na 28.ª posição.
O outro totalista é João Vieira, que voltou a honrar as cores nacionais com uma classificação de muito bom nível (7.º) nos 20 km, repetindo o lugar de Leamington-2007. Melhor, só em 2003 (Cheboksary), quando fora quarto, apesar de a melhor marca ter sido a de 2007 (1.20.42). No entanto, a equipa não pôde aproveitar o seu desempenho pessoal, apesar do esforço de Sérgio Vieira e António Pereira para, mesmo sem marcas de valia, conseguirem manter o colectivo classificado.
Nos juniores, Filipa Ferreira (14.ª) e Mara Ribeiro (15.ª) estiveram bem no sector feminino, levando a equipa a um bom sexto lugar, batendo formações como a Polónia, a Ucrânia e a Alemanha. Faltou apenas o golpe de asa de marcas mais próximas dos recordes pessoais das duas atletas, marcas essas que, a terem acontecido, teriam deixado a dupla à beira do pódio por equipas.
Mas o desporto faz-se de resultados verdadeiros e não imaginários, pelo que também haverá que aceitar os 44.17 m de Miguel Carvalho, 11.º nos 10 km juniores masculinos, longe do recorde pessoal de pista (42.47,89) estabelecido pouco mais de duas semanas antes, em Quarteira. O colega Rui Coelho, 25.º, com 46.23 m, também não ficou perto do máximo pessoal. Mesmo assim, a equipa ficou em sétimo lugar, entre 18 nações classificadas.
Numa edição marcada, mais uma vez pelo domínio russo (9 medalhas de ouro em 10 possíveis), não pode dizer-se que tenha surgido qualquer nome novo no firmamento da marcha europeia. Isto, apesar de a Rússia ter prescindido de alguns dos especialistas mais credenciados, numa gestão de esforços que, por agora, se está a revelar eficaz com vista aos mundiais de Moscovo. No Verão se perceberá se o efeito se mantém.