segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Caminho à beira-rio homenageia Kerry Saxby-Junna

Kerry Saxby-Junna no conjunto escultórico em Ballina. Ao lado, a cerimónia
de abertura, o presidente da câmara, David Wright, no uso da palavra,
e os pais de Kerry, Barry e Jan. Fotos: David Lowe/Echo NetDaily
Montagem: O Marchador

A antiga marchadora australiana Kerry Saxby-Junna voltou à cidade de Ballina (Estado de Nova Gales do Sul, na Austrália), onde na juventude despertou para uma extraordinária carreira internacional na marcha atlética, para a inauguração, a 15 de Janeiro, da sinalética do Passeio Kerry Saxby. O percurso pedonal ostenta o nome da atleta em homenagem aos seus notáveis feitos desportivos, que incluem 32 recordes mundiais em várias distâncias de marcha, três presenças em Jogos Olímpicos, duas vitórias nos Jogos da Comunidade Britânica e ainda uma vitória e um segundo lugar nos Jogos da Boa Vontade.

O percurso, que já existia como caminho pedestre e foi recentemente sujeito a melhoramentos, tem a extensão de quatro quilómetros e meio (muito próximo dos 5 km, que foram uma das distâncias em que a atleta se notabilizou) e acompanha a margem do rio Richmond na zona sul e leste da cidade.

O conjunto escultórico, com um pouco mais de dois metros de altura, destina-se a identificar o local e compõe-se de um fundo de aço oxidado revelando a imagem da atleta em tamanho natural numa placa recortada de alumínio sublimado. Outra placa, também de alumínio, faz o resumo da carreira da atleta e a enumeração dos mais importantes troféus conquistados. A estrutura apresenta na frente uma base de grés em forma de pódio, com os habituais três degraus, numa alusão figurativa ao sucesso desportivo.

No discurso protocolar, o presidente da câmara, David Wright, caracterizou Kerry Saxby-Junna como uma lenda de Ballina e agradeceu à antiga atleta o contributo que deu para o atletismo internacional e o prestígio que trouxe à cidade.

Já a campeã dos anos 80 e 90 do século passado apresentou-se como uma «vulgar rapariga de província», que, depois de vir da cidade natal (Young), se filiou num clube local e atingiu bom nível como nadadora e corredora de meio-fundo no Estado da Nova Gales do Sul, tendo depois enveredado pela marcha atlética, quando já tinha 21 anos. Salientou ainda o facto de ter sido em Ballina que começou a sonhar com os Jogos Olímpicos, num tempo em que os percursos para treinar nada tinham que ver com a qualidade que apresentam os vários caminhos pedonais de que a cidade agora dispõe e de que o Passeio Kerry Saxby-Junna é apenas um exemplo.

Ao longo de 17 anos, entre 1984 e 2000, Kerry Saxby foi 23 vezes internacional e 27 vezes campeã da Austrália de marcha, em distâncias dos 5000 metros aos 20 km. Na pista coberta foi a mais bem-sucedida de todas as atletas que competiram nas provas de marcha dos mundiais durante o período em que a disciplina integrou o programa desses campeonatos (de 1987 a 1993, provas de 3000 m), vencendo em Budapeste-1989 e sendo segunda em Sevilha-1991 e Toronto-1993 (também esteve em Indianápolis-1987, mas foi desclassificada à entrada para a última volta, quando seguia isolada na segunda posição).

A cerimónia de inauguração da sinalética deveria ter tido lugar em junho de 2020, mas a pandemia de Covid-19 obrigou ao adiamento do evento, agora realizado numa tarde de magníficas condições atmosféricas, proporcionadas pelo Verão austral.

Para além dos sucessos referidos atrás, Kerry Saxby-Junna foi ainda segunda classificada na segunda edição dos mundiais de atletismo (Roma-1987, a primeira edição com marcha feminina, 10 km), terceira nos mundiais de Sevilha de 1999 (20 km) e segunda na Taça do Mundo de 1989 (L'Hospitalet, 10 km).

No presente, Kerry Saxby-Junna vive a mil quilómetros de Ballina, em Camberra, onde desenvolve actividade profissional com crianças deficientes.

A partir do diário digital «Echo»