sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Viseu e Carlos Albano nos primeiros passos da Marcha Atlética em Portugal

Carlos Albano, um dos pioneiros da marcha atlética em Portugal,
e o cartaz da competição em Canas de Senhorim em 19-10-1975.
Foto: arquivo «O Marchador». Cartaz: blogue «Alma e Memória»
Montagem: O Marchador

Quando a marcha atlética deu os seus primeiros passos em Portugal, no final de 1974, descontando as fugazes aparições em inícios e meados do século passado, Viseu foi um dos principais polos de desenvolvimento da especialidade no nosso país. Além da primeira competição realizada em Portugal, na zona do Fontelo, a 1 de dezembro de 1974, outra importante prova teria lugar na região visiense, com o apoio da então denominada Associação de Desportos de Viseu.

A denominada I Prova de Marcha Atlética de Canas de Senhorim teve lugar a 19 de outubro de 1975, perfazem-se precisamente hoje quarenta e três anos sobre a realização da competição, na distância de 6 quilómetros, que percorreu as principais artérias da Vila, no Concelho de Nelas, uma iniciativa de Carlos Moura, então atleta e dirigente do Grupo de Animação Desportiva de Canas de Senhorim, coletividade que, como várias outras, nos dias de hoje, apenas movimenta o futebol.

Carlos Albano Eduardo, que então representava a Casa do Pessoal da Empresa Nacional de Urânio – as Minas da Urgeiriça, foi o vencedor destacado da prova pois começara a treinar-se especificamente no Verão de 1974, entusiasmado com a transmissão televisiva da RTP dos XI Campeonatos Europeus de Atletismo (Roma, 1974), comentada brilhantemente pelo saudoso José Galvão, e onde lhe chamaram a atenção as grandes figuras da marcha atlética mundial da época, aquando das provas masculinas dos 20 e 50 km marcha.

O Carlos Albano, que aqui prestamos a nossa homenagem, foi o primeiro especialista português, “bebendo” de António Fonseca e Costa (seu primo), que treinou grandes nomes do nosso atletismo, como foram os casos, entre outros, de Aurora Cunha e Carla Sacramento, e de Rui Mingas (conhecido músico angolano, que chegou a exercer o cargo de Ministro do Desporto de Angola), os primeiros ensinamentos do gesto técnico da marcha atlética.

Naqueles primeiros anos de atividade da especialidade no nosso país o atleta visiense viria a destacar-se nas várias provas em que participou, tendo chegado a representar a seleção nacional, com destaque para a presença na Taça do Mundo de Marcha Nova Iorque, em 1987, onde completou os 50 km marcha, naquela que foi a primeira participação de uma Seleção Nacional em eventos internacionais.