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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Marchadores de olhos postos na Índia

Apesar de terem estado em risco de anulação, começaram este domingo, em Nova Deli (Índia), e prolongam-se até 14 de Outubro, os XIX Jogos da Comunidade Britânica, evento multidesportivo que integra no programa duas provas de marcha atlética, ambas de 20 km.

Na competição masculina estão inscritos 16 atletas de seis países (Austrália, Canadá, Índia, Inglaterra, Malásia e Quénia), enquanto a prova feminina vai reunir 10 atletas de quatro países (Austrália, Índia, Inglaterra e Quénia). As provas de marcha terão lugar dia 9 de Outubro.

De entre todos, antevê-se a superioridade dos atletas australianos: Jared Tallent e Luke Adams nos masculinos; Claire Tallent e Cheryl Webb nos femininos. No entanto, alguma curiosidade rodeia a participação da melhor inglesa da actualidade, Johanna Jackson (à beira de baixar 1.30.00 h), e dos quenianos David Kimutai Rotich e Grace Wanjiru Njue, que em Julho saíram medalhados dos Campeonatos Africanos de Atletismo, em Nairobi: ele, com com prata e a melhor marca pessoal da época (1.21.07); ela, com ouro e um novo recorde africano de 1.34.19 h.

Recorde-se que em meados de 2007 a organização manifestou a intenção de excluir a marcha do programa dos Jogos, alegando que os problemas de tráfego urbano trariam grandes dificuldades à escolha de um local onde pudesse ser definido o percurso das provas da disciplina. Curiosamente, nenhum problema foi levantado em relação às maratonas, que, como se sabe, utilizam igualmente a rede viária para a sua realização.

No entanto, a pressão do Comité Olímpico Internacional, sob cuja égide estes Jogos são realizados, e da AIFA, que superintende a organização do torneio de atletismo, acabaram por fazer imperar a sensatez, sendo a marcha mantida no programa, ainda que sem a tradicional prova longa (50 km).

Nos últimos meses, a organização indiana viu avolumarem-se as dificuldades em gerir o processo organizativo, tendo o próprio Governo sido chamado a intervir no sentido de garantir a realização do certame. Tão má impressão deixou o comité organizador que o seu presidente, Suresh Kalmadi, recebeu uma monumental vaia durante a alocução durante a cerimónia de abertura. Talvez esse facto tenha estado na base de mais um «deslize» seu, desta vez na conferência de imprensa após a abertura dos Jogos, ao agradecer a presença da princesa Diana, que como é sabido morreu em 1997, para de seguida corrigir, dirigindo o agradecimento ao príncipe Carlos e à duquesa Camila.

De resto, a cerimónia de abertura, no Estádio Jawaharlal Nehru, foi palco de um primeiro grande momento, quando o mesmo público saudou de forma efusiva a entrada da delegação do Paquistão, o vizinho com o qual a Índia mantém de há muito uma relação política de grande tensão.

Resta esperar que o mesmo desportivismo impere nas competições, nuns Jogos que nasceram tortos mas ainda podem ficar para a história pelos melhores motivos.